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A crueldade é uma conduta humana




*Por Lisandro Frederico

O ser humano é o único ser vivo que mata por prazer ou por esporte. A crueldade é, infelizmente, uma conduta demasiadamente humana. O homem, por ser o único ser pensante na Natureza, no sentido de raciocinar antes de agir ou imaginar as consequências que tal ato por causar – mesmo com tantos casos que dizem o contrário, se comporta como donos do Universo.

Criamos leis e regras que norteiam e definem o que e como algo deve ser feito. E foi por meio deste comportamento individualista e superior, que criamos a desigualdade, a miséria, as guerras, a exploração, e a escravidão.

É até difícil acreditar que somos realmente seres racionais, sentimentais e sensíveis. O problema é que, na prática, como diz a filosofa Regina Schöpke, “o homem se comporta sempre aquém das suas potencialidades e aí cabe-nos perguntar por que o homem pode tanto e atinge tão pouco?”

Mais uma prova desta incapacidade e de como deixamos de lado nossas potencialidades humanas e agimos com falta de inteligência, é o projeto de lei que pretende regulamentar a caça de animais silvestres, proibida em todo o território nacional desde 1967.

Pela proposta, a atividade seria permitida em uma série de situações para caçadores registrados junto às autoridades ambientais. Seria possível, inclusive, a criação de reservas privadas para a prática de caça desportiva.

E o mais absurdo é a justificativa para o projeto. O autor, o deputado federal Valdir Colatto (PMDB-SC), um engenheiro agrônomo com mais de 20 anos na política, diz que as mudanças são justificadas pelo perigo de animais invasores para as pessoas e para a agropecuária do Brasil.

O deputado, na verdade, está apenas preocupada com a agropecuária, setor bastante defendido por ele. Os animais que ameaçassem uma fazenda, por exemplo, poderiam ser mortos, se o projeto for aprovado.

A proposta grotesca abriria espaço para a caça de animais ameaçados de extinção, como as onças “parda e pintada”, que seriam particularmente afetadas, porque são animais carnívoros que muitas vezes vivem próximas a rebanhos.

Outro ponto polêmico é a liberação da comercialização, por parte de populações tradicionais, como índios e quilombolas, de algumas espécies de animais, inclusive oriundas de áreas protegidas de floresta. O projeto de lei torna ainda mais brandas as multas e a prisão para quem for pego caçando irregularmente.

Agora mais uma justificativa apresentada pelo deputado. “Nós estamos querendo que o reparo do crime seja reparo ambiental”. Ou seja, o caçador mata uma onça por esporte ou por estar dentro de um fazenda e a punição é o plantio de três árvores para compensar a morte do animal. Em tempos em que a causa animal ganha cada vez mais espaço, vemos um deputado federal como este tipo de conduta.

Assassinar animais a fim de pendurar a cabeça do animal em uma parede e tirar uma foto mostrando o quão poderoso é, não é racional. Ou é? Casos seja, o ser humano, definitivamente, falhou na posição de “dono do Universo”.

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