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Santa Casa de Suzano: Prefeitura faz silêncio e não esclarece questionamentos
A Santa Casa de Suzano deixará de prestar atendimentos de Saúde à partir do dia 15 de maio. A informação foi confirmada pelo secretário de Saúde de Suzano, Diego Ferreira, durante uma entrevista na Rádio Metropolitana. Segundo ele, o prédio da entidade será alugado por uma entidade privada. O objetivo é conter as dívidas da Santa Casa.
Os detalhes da operação da nova empresa que assumirá o prédio não foram divulgadas. O secretário afirmou na entrevista que a nova empresa assumirá o atendimento da população. Segundo ex-funcionários da Santa Casa, a nova empresa dedicará somente 60% do atendimento ao Sistema Único de Saúde (Sus), o restante será destinado ao atendimento particular e planos de saúde. Até o momento a Prefeitura mantém silêncio sobre essa questão.
DÍVIDA
A dívida sobre a Santa Casa de Suzano é obscura. Além da falta de transparência, matérias divulgadas em jornais locais são conflitantes quanto aos valores.
Em janeiro de 2017, ao assumir o mandato, o prefeito Rodrigo Ashiuchi concedeu uma entrevista ao G1 afirmando que a dívida da entidade era de R$ 70 milhões.
Recentemente, em novas matérias, novos valores controversos são apresentados. Em recente matéria do Diário de Suzano, afirma-se que a dívida no início de 2017 era de R$ 350 milhões. Já ao Grupo Mogi News, em matéria divulgada na última semana, afirma-se que a dívida em 2017 era de R$ 569 milhões. As matérias mais recentes não identificam qual representante da Prefeitura confirmou a informação.
No site da Santa Casa sob intervenção da Prefeitura de Suzano, não há informações quanto aos valores, tampouco atualizações recentes sobre gastos e contratos da entidade.
A NOVA EMPRESA
A nova empresa que assumirá os atendimentos de Saúde no antigo prédio da Santa Casa é a INTS. Atualmente ela é responsável pelo serviço do SAMU, de alguns Postos de Saúde e da UPA do Jardim Revista. Ela também recebeu para administrar o hospital de campanha durante a Covid. Segundo o Jusbrasil, a empresa é citada em mais de 700 processos que tramitam na justiça brasileira.
Além disso, a empresa que não possui Portal de Transparência atualizado é acusada de usar seus cargos para favorecer interesses políticos e eleitorais. Ela ainda mantém diversos contratos com parentes de políticos e ex-assessores da Prefeitura de Suzano. Em 2019, ao ser questionado sobre a lista de funcionários da empresa, o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, preferiu não dar transparência ao conteúdo.
DINHEIRO DA SAÚDE PARA PUBLICIDADE?
Também chama a atenção o fato da empresa, que recebe recursos da Saúde, ter firmado contratos que ultrapassam R$ 1,3 milhões com empresa de jornal local de Suzano. O valor pode ser ainda maior, já que o portal da empresa não é atualizado.
SILÊNCIO DA PREFEITURA
A Prefeitura de Suzano mantém silêncio sobre os detalhes da operação. Lisandro Frederico, ex-vereador de Suzano, publicou nas redes sociais informações e questionamentos sobre a operação que afetará diretamente a Saúde da cidade. O prefeito Rodrigo Ashiuchi e o ex-secretário de Saúde, Pedro Ishi, preferiram manter o silêncio sobre os apontamentos.
Após a divulgação de Lisandro, moradores da cidade também questionaram as páginas da Prefeitura nas redes sociais, mas os comentários foram ocultados e não respondidos pela Administração. Ainda nas redes sociais do ex-vereador moradores expuseram suas opiniões sobre o que está acontecendo:
"Há um golpe em curso na saúde pública de Suzano. O que estamos vendo é apenas a ponta do iceberg. Depois das eleições - qualquer que seja o resultado - não restará mais hospital para os SUS dependentes da cidade. Podem anotar isso!" disse o advogado Marco Tanoeiro.
A profissional da Saúde Aline Pereira concordou com Lisandro sobre o uso dos cargos pela INTS: "Sou profissional da saúde, tentei participar do processo seletivo para tais vagas e nunca chegou nenhuma prova se quer logo vi q era interesse político, isso se vê mto em pequenas cidades, só trabalha quem o prefeito quer. Transparência zero." afirmou Aline.
"Vai ser mais dispendioso para o município privatizar o serviço de saúde do que manter intervenção e custear a Santa Casa. O interesse é o crescimento do monopólio da INTS." comentou o advogado Fred Moreno.
O QUE DIZ A PREFEITURA?
A Prefeitura mantém silêncio. O espaço está aberto para manifestações que podem ser enviadas para lisandro.frederico@gmail.com
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